Psicóloga Clínica e Psicoterapeuta


EMDR

E.M.D.R. é uma abordagem psicoterapêutica, compreensiva e integrativa. Caracteriza-se por ser uma intervenção breve, focalizada no reprocessamento e dessensibilização de memórias passadas relacionadas com trauma emocional e/ou com a ansiedade.

A técnica foi desenvolvida por Francine Shapiro no final da década de 80 na Califórnia. O nome deve-se ao facto do método induzir a estimulação seletiva dos hemisférios cerebrais, região onde se encontra armazenada a memória das lembranças traumáticas.

*As pessoas interessadas em se submeter ao tratamento devem procurar os terapeutas devidamente credenciados pela Associação EMDR-Portugal com o devido registo e experiência no exercício da psicoterapia (Ordem dos Psicólogos ou Ordem dos Médicos).

 

Inicialmente era utilizada para pacientes com Perturbação de Stress Pós-Traumático (PSPT). Contudo, devido a eficácia do tratamento e a manutenção dos resultados obtidos, o seu uso foi ampliado para outras condições psicológicas. Além de sintomas resultantes de ansiedade generalizada, fobias, síndrome do pânico e depressões, resultados promissores têm sido obtidos no tratamento de doenças psicossomáticas, bem como para a otimização do desempenho pessoal.

A sigla EMDR significa Eye Movement Desensitization and Reprocessing: Dessensibilização e Reprocessamento por meio dos Movimentos Oculares.

Para esclarecer o EMDR é necessário um breve esclarecimento sobre:

A anatomia do cérebro. O cérebro é um órgão com subdivisões, áreas com diferentes características bioquímicas e diverso em sua organização celular.

Certamente já leu a respeito dos dois lados do cérebro, o direito comanda as nossas emoções e potencial artístico, ele é rápido simbólico e metafórico, enquanto que, o esquerdo comanda o pensamento cognitivo, a linguagem e a lógica, ele é lento e linear.

A maior parte dos traumas ficam alojados no hemisfério direito.

Outra divisão importante é fruto da história da nossa evolução como animais. São diferenças marcadas por três momentos da evolução: répteis, mamíferos, humanos. Assim temos estruturas cerebrais carregadas das características de cada etapa da evolução.

De forma simplificada:

(1) o cérebro que herdamos dos répteis na base do crânio, é conhecido como cérebro primitivo e controla as nossas funções autónomas como o sono REM, reflexos, circulação e respiração; 

(2) o cérebro que herdamos dos mamíferos, o cérebro emocional ou límbico, e é nesta parte do cérebro que habita a sensação de perigo, que gera a ansiedade. 
Então, quando fazemos a terapia EMDR, o que queremos é acalmar o sistema límbico, que por vezes fica alerta por causa do perigo real, mas trata-se de um perigo real que já passou;
(3) e, por fim, o cérebro humano, cérebro pensante, o sistema consciente e cognitivo. 
Freud tinha razão. 
Nós não somos apenas o pensamento, temos muito conteúdo submerso, o inconsciente. 

Assim, como pode constatar, 2/3 do cérebro é inconsciente. Toda a área do cérebro (a emocional e corporal) é inacessível para si de forma direta. Diferente da parte cognitiva que é consciente e que ocupa 1/3 do seu cérebro.

Tantas diferenças dentro do cérebro dificultam a sincronia entre razão, emoção e ação. Também dificultam a “digestão” de certas experiências que vivemos.    

Então, como tratar o trauma?

É objetivo do tratamento do trauma, é ajudar a pessoa que busca superar ou processar determinado trauma, até que o cérebro pare de reagir como se ainda estivesse em perigo.

O nosso cérebro tem uma maneira natural de se recuperar de memórias e eventos traumáticos.

Muitas das nossas experiências traumáticas podem ser geridas e resolvidas espontaneamente. Contudo, nalgum evento/infortúnio, o cérebro pode ter dificudade em processar algumas experiências, sem auxílio.

Quando o stress causado por algum trauma persiste após algum evento difícil, imagens, pensamentos e emoções podem gerar um sentimento de incapacidade, com a sensação de reviver aquele momento ou estar preso no tempo.

A tearapia EMDR ajuda o cérebro a processar e curar estas memórias traumáticas. A experiência ainda é relembrada, mas o instinto de fuga, luta ou congelamento, é inibido.

Imagine que alguém repentinamente se depara com uma matilha enquanto faz uma caminhada. O sistema nervoso vai automaticamente reagir. Apesar dessa pessoa conseguir sobreviver, essa experiência pode ficar alojada no seu cérebro. E cada vez que a pessoa escutar algum barulho ou sentir algo a movimentar enquanto passeia, o seu sistema nervoso autonomo (o nosso cérebro primitivo) reagirá impulsivamente. É aqui, que a nossa mente nos convence que estamos revivendo um episódio passado e não apenas relembrando.

Traumas, experiências dolorosas que não foram devidamente processadas, não representam uma fraqueza psicológica, ou uma espécie de falha do caráter.  É um problema do cérebro, que não soube lidar com um evento que proporcionou um alto nível de stress e não foi capaz de processar o fluxo de informações, que acabaram por ficar presas no sistema nervoso.

Portanto,  o trauma é definido cientificamente como uma ocorrência biológica. Uma mudança que afeta a composição neurológica do cérebro.

O EMDR ajuda as pessoas ao nível neurológico. O resultado é uma mudança cognitiva. A pessoa deixa de acreditar e sentir que não tem controle.

Como funciona o EMDR

Com o EMDR ativamos as várias áreas cerebrais através da estimulação sensorial bilateral. Um processo simples, que promove a dessensibilização daquilo que nos incomoda, colocando-nos num estado mais adaptativo e saudável, no qual, razão, emoção e ação estão mais alinhadas.

Ao focalizar o conjunto de elementos (crenças, sensações, emoções) de uma memória traumática em simultâneo com a estimulação bilateral (visual, auditiva ou tátil)  promove-se a troca de energia entre os “diferentes cérebros” e entre os seus hemisférios, bem como, o reprocessamento da memória traumática.

Em pouco tempo, a pessoa tem a sensação de maior distanciamento da perturbação traumática. Espontaneamente começa a reavaliar a experiência a partir de uma perspectiva mais otimista. Assim, o passado perde a sua carga negativa tornando-se apenas uma lembrança, e a energia negativa é transformada para vivermos o presente e o futuro com mais conhecimento, habilidade, prazer e saúde!

Estratégia do EMDR

Após o levantamento do histórico completo do paciente na primeira sessão, o terapeuta traça um plano de tratamento, e motiva o paciente para que identifique uma memória traumática (memória alvo) que queira reprocessar. Também são identificadas todas as  crenças negativas que estejam associadas a esta memória. Crenças do tipo: “eu não sou bom”, “eu não tenho valor”, ou “as pessoas não se importam comigo”.

Após identificar a crença negativa e a angústia associada à memória alvo, será motivado a escolher uma crença positiva que anule a crença negativa.

Enquanto o paciente pensa sobre esta memória alvo, ele é guiado pelo terapeuta, com a aplicação de uma série de estimulações bilaterais, através de movimentos oculares, táteis ou auditivos.

A aplicação da estimulação bilateral em simultâneo com a atenção do paciente na memória traumática, permite que ele se recorde do trauma de forma segura, promovendo a cura. É uma forma delicada de tratar o trauma em vez de simplesmente reabrir feridas antigas.

“Todos passamos por situações traumáticas nas nossas vidas”

Alguns traumas podem ser pequenos, outros mais marcantes, contudo qualquer trauma pequeno ou grande pode gerar sofrimento, e indicam a necessidade de auxílio profissional.

Converse comigo e agende uma consulta psicológica. 

Eu posso ajudar.

*As pessoas interessadas em se submeter ao tratamento devem procurar os terapeutas devidamente credenciados pela Associação EMDR-Portugal com o devido registo e experiência no exercício da psicoterapia (Ordem dos Psicólogos ou Ordem dos Médicos).

Um Pouco Mais sobre EMDR…

Conforme foi explicado no artigo anterior, o EMDR é uma intervenção breve e focalizada, que pode tratar traumas antigos e recentes entre outras condições psicológicas incapacitantes.
Nos nossos consultórios, recebemos clientes que apresentam vários sintomas e queixas, com origem em experiências negativas, ocorridas nos diversos períodos de vida, desde a concepção até uma fase mais avançada do ciclo vital.
Tais experiências, por vezes, condicionam a forma como nos sentimos e agimos, e podem ser a origem de estados de ansiedade, que quando não são tratados, podem levar a sintomatologias mais graves como a depressão.

“SE NÃO VEIO DE UMA FAMÍLIA EMOCIONALMENTE SAUDÁVEL,
COMECE O SEU PROCESSO DE CURA PARA QUE UMA FAMÍLIA EMOCIONALMENTE SAUDÁVEL VENHA DE VOCÊ”

 
Muitas vezes ouvimos os pacientes a dizer: 
 
A minha vida seria muito diferente se não tivesse passado o que passei na minha infância ou adolescência! Eu sou um fracaço! Os meus pais eram muito tóxicos! Eu hoje compreendo que na escola, sofri diferentes formas de bullying e por isso me sinto tão incapaz!”

Perante estas queixas temos uma sensação de desespero, como uma grande sentença que se apodera da mente e inevitavelmente do corpo, levando a pessoa a acreditar que nada pode ser diferente e que está condenada a uma vida de insucesso e sofrimento.

Realmente, o passado não pode ser mudado, mas pode ser trabalhado.
Podemos tirar o peso emocional das memórias que carregam. 
 
“ESTA É A PROPOSTA DO EMDR, LIBERTAR A CARGA, PARA QUE SE POSSA PROSSEGUIR COM A VIDA, MAIS LEVES E POSITIVOS”

Remoer sentimentos do passado é algo contínuo para muitos. 

O cérebro fica em looping, dia e noite, mergulhado nos traumas, ressentimentos e conflitos.

Numa psicoterapia, por vezes, o que procuramos, é ver o passado como um lugar de referência e não de residência. 
Na experiência terapêutica com EMDR, o paciente é convidado a visitar o passado, (com uma atenção dual, o seja, uma parte da sua percepção está no passado, mas a outra parte fica no presente), reprocessa memórias, ressignifica emoções, procura dar um novo sentido, e caminha para a frente, encarando a vida de uma forma mais leve.

“Em vez de escapar das lembranças, o melhor é mergulhar nelas e voltar à tona, com menos desespero e mais sabedoria.” 

 Marhta Medeiros

É sabido que, mudar gera desconforto e pode até doer. 
Mas continuar como está, também dói.
O espaço terapêutico é seguro para fazer este processo, fazer este “mergulho” nas lembranças e nas prováveis dores que delas advém.
É um espaço complementar, privado onde podemos vivenciar as emoções de forma autêntica e acolhedora.  

A maior prova de que se curou, não está na sua capacidade de esquecer, mas sim na capacidade de lembrar, sem sentir dor.

Todas as vezes que nos lembramos de algum evento traumático ocorrido no passado, que reacende, sentimos emoções desagradáveis, sejam em forma de pensamentos negativos ou um mal estar físico. 
Isto é um sinal que ainda não ultrapassamos essa questão, e isto consome a nossa energia. 
Consumindo a nossa mente e controlando a nossa vida. 
Lembrar de uma experiência dolorosa e sentir algo ruim no corpo, seja através de emoções ou pensamentos negativos, mostra que ainda carregamos uma dor.
 

A terapia de reprocessamento EMDR é uma forma eficaz para lidar com qualquer tipo de trauma, seja ele grande ou pequeno. Nunca é tarde para desistir do que te torna infeliz!
Eu estou capacitada para lhe ajudar!

*As pessoas interessadas em se submeter ao tratamento devem procurar os terapeutas devidamente credenciados pela Associação EMDR-Portugal com o devido registo e experiência no exercício da psicoterapia (Ordem dos Psicólogos ou Ordem dos Médicos).

A terapia EMDR possibilita o trabalho com os traumas do passado. 
O objetivo é, lembrar a dor, mas não senti-la mais. 
É como uma cicatriz, o sinal fica, mas a pele regenera-se.
No caso de pessoas que tiveram vidas cronicamente traumatizantes, há um “não querer” recordar, existem lacunas de memórias de períodos mais ou menos extensos de suas vidas e, no seu cotidiano, também apresentam dificuldades em lembrar-se de coisas que fizeram recentemente.

Muitas dessas pessoas atribuem os seus problemas de memória, à idade ou a questões de ordem física, quando na verdade, são o resultado da vida traumática, bem como, da forma que elas encontraram para conseguir sobreviver, tentando esquecer. 
Mas a dor, o mal estar físico ou psíquico, continua lá. 
Na verdade, é necessário fazer uma espécie de reconciliação com a história da sua vida, com o seu passado, e assim, poderá sentir-se melhor, em paz. 
Quando uma pessoa fica em paz, saem todos a ganhar: os familiares e até as pessoas mais próximas. 
Uma pedra lançada para dentro de um lago produz ondas que vão em todas as direções. 
Ao curar-se das dores, sentir-se-á melhor e trará mais harmonia aos seus relacionamentos.
“ACREDITE QUE AO MUDAR ALGO EM SI PODERÁ INFLUENCIAR O MUNDO À SUA VOLTA”

 

“O trauma é um facto da vida, mas não tem de ser uma prisão perpétua. No sofrimento também está a salvação”

 
 Peter Levine
 
 

Sandra Santin

Psicóloga Clínica e Psicoterapeuta